Chega um amigo de carro com o carro cheio, cheio de trecos para falar a verdade, pois tal amigo já trouxera uma caixa de belos mantimentos etílicos. Mas caro leitor, vamos falar de trecos. Do banco de traz do carro, um monte de pedras esculpidas, mas desorganizadas, chama a atenção por conta do peso. Precisam de três homens gordos e dois magrelos para carregá-lo até os fundos, “um presente”, repetia o nobre amigo. Depois de montado, a bela estátua, um símbolo, ganhou suas belas formas. Instantaneamente começou a ser vandalizada. O Saci chegou ao covil.
Achei engraçado ver aqueles dois rapazes reclamando da vida depois do primeiro dia trabalhando como garçons numa pizzaria (realmente acho uma heresia trabalhar dentro do meu período, abro exceção apenas para os que realmente precisam), mas o drama deles nutria o humor de outros; eu gostava.
Enquanto eles serviam pessoas, dentre eles agradáveis clientes; mas por outro lado, passaram pelas mãos dos piores exemplos de esnobes e canalhas já produzidos por essa sociedade pós-moderna. Há nove metros ali, no covil da diversão, kilos de pitanga já eram amassados, ou batidos no liquidificador junto de mais ou menos 200ml de Ron Montilla por porção; as risadas eram altas e causavam angustia dentro da pizzaria.
Um detalhe que quase me esqueço, umas horas antes da pitanga, a angustia brotou no covil; não havia música (para o covil, era como um Wagner sem pitanga). Mas como um milagre; meu, claro. Do portão surge uma figura com sorriso forte, bem chamativo; mas ninguém chega a dar os comuns comprimentos, vão logo perguntando “Cadê? Cadê?? Cadê a agulha do vinil???”. Surpreendido com a calorosa recepção, o Tchatcho mal tira a mochila das costas, apenas coloca a mão em um dos bolsos e de lá retira o precioso objeto. Mais uma vez, gritava-se em alto e bom som “começou o verão”.
E os cariocas demorariam ainda nove horas para chegar...
Nenhum comentário:
Postar um comentário